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digo-te até amanhã


[o poema de António Lobo Antunes que encontrei num blog e publiquei no hálito azul da tarde...não me sai da cabeça...escrevi este, inspirado no anterior de uma forma absolutamente descarada mas ainda assim humilde]

não disse nada amor,
disse apenas até amanhã!
digo-te até amanhã,
porque à noite todas as promessas são trémulas
mas ainda assim o coração sossega,

ele sossega não sei porquê, mas à noite não procuro razões.

não disse nada amor
espero apenas pela manhã,
e estou cansada porque de noite os caminhos não têm fim
e eu nunca chego onde devo, nunca chego a ti, nunca chego onde preciso,

não disse nada amor,
disse apenas até amanhã!
digo-te até amanhã.

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