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Há crianças nas árvores que absorvem a noite

Há crianças nas árvores que absorvem a noite,
enquanto as estrelas caiem frias no chão,
e a luz se esvai pela terra em caminhos húmidos.

As crianças que levam os fins dos dias, e correm
ensurdecedoras e felizes,
prenunciam a noite no sibilar das folhas,
e encerram as janelas nas paredes,
e nos quartos, verdes e ásperos,
um cheiro de éter escorre.

Há crianças nas árvores que absorvem a luz pálida da manhã próxima,
um dia já fora do nosso alcance.














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