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A essência dos dias.4

Hoje de manhã, bem cedo, chego ao trabalho. Ligo o portátil. Arrumo a mochila. Ligo a máquina de café. De repente oiço um alarme. Um alarme com um som que nunca ouvi. Vou tirar café, mas o alarme não para. Será o portátil? Não! Será o meu telemóvel? Vou ver e é de facto o meu telemóvel. Leio no ecrã: "8h14. O tempo terminou!"
Sento-me. Olho o rio pela janela. Espero que termine...
São 8h30, a Antónia chegou e disse-me bom dia. Ainda cá estou! Falso alarme! Vou tirar café…

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Caminham agarradas pelas mãos. De mãos dadas. Enormes na sua tenra idade. Juntas na multidão que sai do comboio. Caminhamos juntos! Sobem a rampa a espalhar esse amor. O seu amor! Paixão! O amor que lhes pertence. O amor que agora vemos. Elas, e eles, e nós todos visíveis. Vemo-nos! Iguais. Iguais a mim! Iguais para todos?...Talvez ainda não...plenamente...mas estamos tão perto! Bendito dia! Bendita manhã inundada de esperança e luz! Bendito final de setembro.  O Sol e a alma vibrantes, neste instante feliz plantado no horizonte.

Fragmento.2/1

Senta-se à mesa da cozinha depois de aumentar um pouco o som do rádio. Raramente liga a televisão. Há algo que se perde das imagens e escava dentro de si um imenso vazio. Ela não sabe depois como o preencher. Serve-se então, apenas, do som. As vozes. As conversas. A música. Começa a dobrar a roupa interior e o seu gato Alberto salta para a mesa e acomoda-se por entre as meias. Olham-se. Ajeita o cabelo instintivamente quando uma ou outra canção tocam no rádio. Afaga-o junto ao pescoço, em redor das orelhas, e por fim encosta levemente alguns cabelos dispersos da sua franja com o dedo médio da mão direita. Parece que executa um código secreto, ou um pedaço de dança, que a devolve generosamente ao passado.