É este o dia anunciado, a hora da desesperança!
Expulsos de um tempo julgado sem fim,
onde os corpos se banharam indolentes e incautos,
procuramos em vão, de novo, o caminho...sem um fio de luz, sem alento, sem consolo.
Os teus olhos, os meus olhos, os nossos olhos quase cegos
choram, tardiamente, a memória ardida,
prostrados perante as etéreas cinzas que de nós se apartam.
É esta a manhã negra do nosso desalento!
Afastados da vida, num devir atormentado
que nos lança as presas onde já não há carne,
resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo.
Os meus braços, os teus braços, os nossos abraços
esmagados, ameaçados, extintos,
são as estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas.
São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos!
E assim, levianos, soterrados no sedimento do nosso desânimo,
ora resignados, ora alarmados,
seguimos...com a granada dentro do peito.
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