As derradeiras cores na luz desta tarde, leva-as contigo,
Embrulha-te nelas ou oferece-as pelo caminho.
Leva contigo também o cheiro a maresia preso nos pinheiros,
E as nuvens que ficaram entrançadas no vento.
Este vento que persiste como chuva na nossa alma.
Eu fico a desfiar as nossas conversas,
Cada fio, cada palavra, um desassombro de revelações,
Fico a demorar os meus dias no abrigo hibernante de cada hora,
E, inabalável e poderosa, teço o pano dos nossos afetos.
Atravessado o tempo do medo e da euforia,
E aquietados os pequenos estrondos no nosso peito,
Perfeito o rito, somos puros e sublimes aliados.
Fico com tanto de nós, levas tanto de nós.
Tu já ausente, íntimo e implacável na tua silhueta ambreada,
E eu finalmente mergulhada no derrame quente do sol,
Tu e eu, renascentes e desinvernados.
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